
Um dia, um discípulo perguntou a Budha:
- Mestre, o que é a Amizade?
Budha sorriu docemente e respondeu:
- Nada mais do que uma bengala forte e segura.
O discípulo, depois de muitas semanas de meditação, voltou à presença do
Mestre e indagou:
- Como se pode comparar a Amizade com uma simples bengala? Com um pedaço
de pau?
Budha levou o discípulo até a margem de um rio e
mostrou-lhe a neblina baixa que impedia de enxergar o outro lado e falou:
- Imagine que você tem de atravessar este rio e que a
neblina não lhe permite ver além de uns poucos passos à sua frente. A trilha de
pedras, que é o único caminho para o outro lado, é formada por rochas lisas,
redondas e parcialmente cobertas pela água. É uma trilha muito perigosa... Uma
queda, um escorregão, e não haverá como se salvar. O que é que você faz?
Novamente o discípulo se recolheu para meditar sobre
as palavras de seu Mestre e, depois de outras tantas semanas, voltou para
dizer:
-Eu faria uso de uma bengala, meu Mestre. Seria esse
o sentido da Amizade?
E Budha respondeu:
- Sim. É esse o sentido da Amizade. Uma bengala, um
apoio que será o seu auxílio para atravessar o Rio da Vida sem ter receio de
escorregar em cada uma de suas etapas. A bengala é como a Amizade, firme,
segura, eficiente, capaz de sustentar o seu peso num momento difícil, numa
passagem que somente as suas pernas não seriam capazes de aguentar, mas com o
apoio da bengala, você cria novas forças, você adquire uma nova energia e se
torna capaz de vencer o obstáculo. E é por isso que a Amizade, como a bengala,
tem de ser firme e forte. Às vezes, ela precisa aguentar todo o seu peso. E é
também pelo mesmo motivo que a Amizade, como a bengala, deverá ser bem cuidada.
Para que nunca se deteriore, para que não apodreça e se torne, de repente,
frágil e quebradiça. Uma amizade é algo vivo, algo que necessita de cuidados
para não morrer.
O discípulo recolheu-se novamente por mais algumas
semanas. Finalmente, ao tornar a aparecer diante do Mestre, falou:
- Mestre, sendo a Amizade o ponto de apoio dos
homens, quando todos se encostarem uns aos outros, todos se apoiarem
mutuamente, então, nesse dia, não haverá mais nenhum que venha a cair nas águas
do Rio da Vida... Não é assim?
Budha não respondeu. Limitou-se a olhar para a frente, os olhos perdidos
no infinito de suas meditações.
Talvez estivesse lamentando o fato de saber que isso jamais viria a
acontecer.
Fonte: http://www.ryoki.com.br/
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