
Deveríamos parar de confundir e
embolar alguns conceitos básicos: bondade não é sinônimo de burrice e
autopreservação não é a mesma coisa que egoísmo. Tampouco, burrice se limita a
falta de conhecimento e habilidades. Vamos por partes como um bom
esquartejador?
Ser bom é estar aberto ao outro,
às necessidades do outro, é tratar as pessoas com respeito e cortesia, sem
manipulá-las, sem tirar proveito das mesmas, é fazer ao outro o que a gente
gostaria que fizessem para gente. Resumindo é simples assim, seguir o que Jesus
nos deixou como mandamento – depois de amar a Deus sobre todas as coisas,
devemos amar o próximo como a nós mesmos .
Já ser bonzinho é se deixar
pisar, é se deixar explorar, é se deixar subestimar. É permitir que as pessoas
abusem da nossa boa vontade.
Ser egoísta é pensar apenas nas
nossas necessidades e sentimentos. É ignorar as outras pessoas. É ser incapaz
de um favor ou gentileza para ver o outro feliz.
Ser alguém que sabe se
autopreservar é entender que não devemos morrer de amor por quem nos despreza.
É compreender que não devemos mendigar a amizade de pessoas que não fazem
questão da nossa presença. É parar de justificar a crueldade daqueles que nos
humilham. É deixar de sofrer por pessoas que não valem a pena, que nada
acrescentam e só tiram a nossa energia.
Ser burro vai muito além de não
dominar determinados conhecimentos e habilidades. Ninguém domina tudo.
Ser idiota é se achar melhor do
que os outros, é usar o próprio conhecimento para oprimir, é distorcer as
palavras do outro para agredir e causar polêmica vazia, é tratar mal alguém
pelo simples fato desta pessoa pensar diferente, é usar termos grosseiros
conhecendo termos educados para expressar uma opinião, é se achar o dono da
verdade, é desconsiderar as conquistas alheias, é negar o que está diante dos
olhos de todos, é subestimar a inteligência alheia, é achar que sabe o
bastante, é ignorar a importância do conhecimento teórico e da prática
reflexiva, é pensar com a cabeça dos outros.
Sim, precisamos de um mundo menos
idiota. Com pessoas que pensam e questionam mais.
Precisamos de um mundo com menos
frases feitas e estereótipos, que se preocupe menos com o molho e mais com o
peru.
Precisamos de um mundo com mais
papos filosóficos, com relações mais informais e afetivas.
Precisamos de um mundo com menos
hierarquias, com menos necessidade de status, com menos preconceitos e
regrinhas bobas, com menos consumismo, menos comodismo, menos superficialidade,
menos jogos de palavras, menos culto ao corpo e mais culto à mente e à alma.
Precisamos de mais poetas e
leitores, de mais artistas, de mais gente vocacionada, de mais gente
desencanada, que anda com os sapatos velhos e uma roupa confortável. Precisamos
de um mundo em que as pessoas possam rir alto, botar os cotovelos na mesa,
dizer como se sentem. Precisamos de um mundo onde reine as ideias, o brilho dos
olhos, o sorriso sincero, o calor de um abraço, a alegria de uma bebida
compartilhada. Precisamos de um mundo com pessoas que saibam improvisar e se
renovar mais. Precisamos de um mundo com máscaras sociais e religiosas queimadas
Precisamos resgatar a criança que existe em nós. (Adaptado de texto de Silvia
Marques)
Zé Augusto
https://nossapercepcao.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário