
Carta de Amor encontrada no Setor de “Achados e Perdidos” do
Metro de São Paulo.
Rio de Janeiro, 10 de
maio de 1930
Estive esta noite meditando longamente sobre a história do nosso amor.
História complicada, cheia de lances trágicos, um verdadeiro romance.
Nós podemos nos considerar
felizes e dizemos que de fato nos amamos.
Tudo procura nos separar e nosso
imenso amor, nascido espontaneamente em nossos corações, é alimentado pelo
desinteresse e pela sinceridade de nossas almas, minado pelo nosso grande
afeto, cresceu e tornou-se essa inexpugnável fortaleza que a tudo resiste com
galhardia.
Invejas, tristezas, desgostos e
contrariedades, tudo vem morrer de encontro à muralha maciça e inatingível do
nosso amor, cujos alicerces, cavados na rocha viva da sinceridade, resistem às
tempestades da maledicência e ao assopro dos ventos maus dos invejosos.
Não é como quase todos os
amores, cujas bases assentadas na areia do interesse e da hipocrisia, ao menor
sopro se desfazem.
Carol, és o meu ídolo, para você
são todos os meus pensamentos, todas as minhas esperanças, e se algum dia eu
sucumbir sem conseguir realizar o meu ideal, quero que você sempre tenha um
pensamento para este que teve por você um tão grande amor, e que na eternidade
continuará a te amar sempre com mais amor.
Sofro porque não posso te ver a
todo instante, sentir o bafo quente e perfumado de tua boca, ouvir a tua voz
cristalina e nobre, mirar o teu corpo esbelto e flexível de fidalga.
Tenho esperança em Deus que este
sofrimento em breve terá um fim.
Beijo-te carinhosamente.
Teu
Altair
Matéria publicada na Revista do jornal “Diário Popular”e
depois exibida no Jornal São Paulo Já (atual SP-TV) de 1992 que encontrou a
dona da carta, dona Carol.
Fonte: Cartas
de Amor Eternas e Ternas, Rosa Maria Mijas Beloto
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